A doença câncer tem sua origem coincidente com história do próprio homem, estando fortemente relacionada aos hábitos de vida, cultura e exposição temporal a fatores ambientais. Foi Hipócrates em 500 A.C., na Grécia, o primeiro a descrever a palavra “carcinos” e definir, já naqueles tempos, o câncer como sendo uma doença de mau prognóstico. Coube ao Dr. Pott, na Inglaterra, há apenas 200 anos atrás, a primeira publicação cientificamente correta da observação de casos de câncer de bolsa escrotal em limpadores de chaminés, ofício muito comum na época.
Nos últimos quarenta anos, temos aprendido mais sobre o câncer do que nossos antecessores durante séculos. É inegável o grande avanço da ciência no diagnóstico e tratamento do câncer nos últimos tempos. O câncer, que ainda é hoje, uma das maiores causas de mortes não violentas na população brasileira, tem sofrido grandes baixas por este avanço tecnológico constante. Como resultado desta explosão de conhecimento, o câncer vem se constituindo, dentre as doenças crônicas, a potencialmente mais previnível e curável. Senão vejamos:
No que diz respeito aos avanços genéticos, hoje já se conhecem inúmeros gens determinantes de alguns tipos de câncer, de forma que já se pode prever a possibilidade de determinado indivíduo vir a ter a doença e assim se agir preventivamente, antes da doença se manifestar.
Os programas de prevenção dos cânceres de mama, próstata e colo uterino, como exemplo, mostraram grande eficiência e impacto na mortalidade por estas doenças, já que permitiram o diagnóstico nas fases iniciais da doença, fator fundamental na chance de cura.
O conhecimento de fatores ambientais, tal qual a exposição excessiva à irradiação solar, fatores culturais como o uso do tabaco e abusivo do álcool, permitiram alertar a população aos riscos que estes hábitos representam, e assim agir preventivamente.
Métodos diagnósticos progressivamente mais sensíveis, vem se tornando mais acessíveis e permitido o diagnóstico mais inicial da doença. Hoje, por exemplo, há um exame chamado PET CT, que permite avaliar a morfologia e a funcionalidade dos órgãos e tecidos em um único exame, o que possibilita o mapeamento de todo o corpo, e o diagnóstico com alta precisão do local e da existência de câncer, em casos que antes eram necessários inúmeros exames para se aproximar a tal acurácia e sensibilidade.
Os métodos de tratamento também têm evoluído de forma marcante neste sentido. A cirurgia, método responsável pela maioria dos casos de cura do câncer, tem se armado de meios menos invasivos, mais eficases e menos mutilantes. O desenvolvimento de métodos de irradiação mais modernos também permitiram um avanço fantástico, também sendo um método curativo em inúmeros tipos de câncer. A quimioterapía, com produtos mais eficientes e específicos, é o método único para o tratamento e cura de muitos tumores, e para o tratamento complementar ao cirúrgico e radioterápico.
Considerando todo o exposto, vejo com muito otimismo as verdades atuais sobre o câncer e o futuro próximo. Diferente de quando era um garoto que via os adultos ansiosos e incrédulos de um dia ouvirem a notícia da “Cura do Câncer”, hoje eu afirmo, muitos cânceres já têm cura e brevemente muitos outros terão!
Dr. Hélio Fernandes
Cirurgião Oncológico – CRM: 10458