Muitos são os preconceitos e as interrogações quando o assunto é a leucemia, um tipo de câncer que afeta os glóbulos brancos do sangue, responsáveis pela defesa do organismo. Por isso, a campanha Fevereiro Laranja “Leucemia. Quebrando Tabus”, da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), incentiva o conhecimento sobre a doença para que as pessoas se conscientizem sobre a prevenção, o diagnóstico precoce e a doação de medula óssea.
Tem como prevenir?
Com o mesmo propósito, o CRON – Centro de Oncologia atua para que as pessoas tenham mais saúde e qualidade de vida. Segundo a Hematologista da instituição, Dra. Juliana Kratochvil, o controle da obesidade é uma das melhores formas de prevenir várias formas de câncer, inclusive a leucemia. “O combate ao tabagismo, que é um fator de risco para o desenvolvimento de leucemia aguda, e o estímulo aos bons hábitos de vida são essenciais quando falamos em prevenção”, destaca.
Mais de 11 mil casos até 2025
Conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), entre 2023 e 2025 a estimativa é de que mais de 11 mil casos de leucemia sejam diagnosticados no Brasil. Por isso, tão importante quanto à prevenção, é o diagnóstico precoce. “A melhor maneira de termos diagnósticos precoces e rápidos são os encaminhamentos de pacientes a serviços especializados, com equipes de saúde treinadas para identificar esses casos com agilidade. Vários estudos mostram que os melhores desfechos e prognósticos ocorrem quando há intervalos curtos entre os primeiros sinais e o início dos tratamentos.”
Principais sintomas:
– Fadiga e falta de ar;
– Febre e infecções constantes;
– Sangramentos;
– Manchas roxas na pele;
– Perda de peso sem motivo aparente;
– Inchaço no baço ou fígado;
– Dores ósseas e nas articulações;
– Gânglios linfáticos inchados.
Quais os tipos de leucemia mais comuns?
– Leucemias crônicas: afetam células do sistema imunológico e se desenvolvem de forma lenta. A maioria das pessoas diagnosticadas tem mais de 55 anos. Raramente afeta crianças.
– Leucemias agudas: afetam as células linfoides, sendo mais comum em crianças, ou as mieloides, que tem maior incidência com o avanço da idade. Os tipos agudos agravam-se de maneira rápida. “Pessoas com mais de 65 podem evoluir para a Leucemia Aguda Secundária a alterações displásicas, formações erradas das células pelo envelhecimento da medula óssea. A mielodisplasia é a forma de diagnóstico precoce de uma possível evolução para uma leucemia aguda. São alterações identificadas por alteração no hemograma. Por isso, a importância de ser avaliado por um Hematologista quando houver qualquer sinal de alteração nos exames”, reforça Dra. Juliana.
E o tratamento?
A hematologista do CRON explica que as leucemias crônicas são doenças de evolução lenta, muitas vezes debilitantes. Porém, há excelentes drogas orais para controle da doença. Já as leucemias agudas têm apresentação clínica diversa. O tratamento, na maioria dos casos, requer internação hospitalar e quimioterapia. “Por cerca de duas ou 3 semanas, o paciente fica com as células sanguíneas muito baixas, o que chamamos de aplasia, para que a medula se recomponha e se regenere sem a doença. Esse período com a imunidade e plaquetas tão baixas é que leva ao grande risco do tratamento, com chance de infecções graves e sangramentos.”
Seja um doador!
O Transplante de Medula Óssea faz parte do arsenal terapêutico para a doença, mas grande parte dos pacientes não tem doador compatível na família e recorre ao Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). Para ser um doador basta ir até um Hemocentro com documentos pessoais para o cadastro e a coleta de uma pequena amostra de sangue. Manter os dados pessoais atualizados no cadastro do Redome também é essencial para a localização do doador.
“Comecei a ver o ‘copo meio cheio’”
O técnico em eletrônica, Leonardo Volk (30), recebeu o diagnóstico de Leucemia Linfoide Aguda em outubro de 2010. “Tive uma gripe forte que não curava. Fiz uma bateria de exames e um tratamento, mas sem o resultado esperado. Então, fui encaminhado para a Dra. Juliana, que chegou ao diagnóstico”, recorda.
Leonardo passou por tratamento quimioterápico, sendo oito meses de internação e mais 30 de manutenção “Eu ia todo mês fazer uma aplicação ambulatorial. Mas tudo valeu à pena, pois tive sucesso e meu risco era intermediário, sem a obrigatoriedade de transplante.” Ele garante que a doença o fez olhar a vida com outros olhos. “Comecei a ver o ‘copo meio cheio’ e não ‘meio vazio’, valorizando estar com a família e ter amigos próximos. Também passei a cuidar mais da saúde. Hoje faço academia, ando de bicicleta. Tenho uma vida bem mais saudável.”
LEGENDAS:
Dra. Juliana Kratochvil, Hematologista do CRON
Dra. Juliana com o paciente Leonardo, na época do tratamento
Leonardo Volk mudou hábitos para ter uma vida mais saudável
créditos: divulgação